segunda-feira, 19 de março de 2012

Mabon



O outono mais uma vez chega e com ele a Roda da Vida mais uma vez gira. Dias e noites mais uma vez se igualam, entretanto diferente do Ostará, estamos agora rumando ao período de predomínio das sombras e da noite sobre a luz e o dia. No próximo dia 20 de março entra o Equinócio de Outono, e os pagãos e bruxos do hemisfério sul celebram mais uma vez o Sabah de Mabon. Mas o que significa celebrar esse antigo festival pagão nos dias atuais.
O Sabah de Mabon ou Festival do Outono simboliza a celebração do fim das colheitas, sendo parte da chamada tríade da colheita. Na Grécia Antiga esse período é marcado pelo inicio dos Mistérios Maiores de Elêusis. Em tempos antigos, não tão remotos, quando a população dependia dos grãos e frutos colhidos nesse período a sobrevivência durante os tempos gélidos do inverno. Antigamente as populações dos povoados possuíam seu ciclo de vida estritamente ligado ao ciclo da natureza. Durante a Primavera eram feito os plantios e durante o verão eram feitas as colheitas. Na entrada do outono, período das ultimas colheitas, as pessoas de todo o povoado ou aldeia se reunião e celebravam os grãos e frutos colhidos, trocavam sabedorias sobre os mistérios da terra, trocavam receitas, dançavam e realizavam um grande banquete com o melhor com que cada um pode colher da terra. Era costume desse festival a confecção de bonecas de retalhados de tecidos com palha e grão, chamadas de Senhoras da Colheita ou Rainhas da Colheita; além da confecção de Cornucópias, chifres com grãos, frutos e flores e de vassouras mágicas nas quais os pagãos davam grandes saltos sobre as colheitas montados nelas. Sendo que durante o período de Mabon a Samhaim que tomamos as decisões sobre o ano vindouro, escolhemos os caminhos que vamos trilhar e quais caminhos vamos abandonar quais sementes que vamos semear e as que vamos deixar parecer.
Entretanto esse período marcava o fim do período de fartura, e em breve o inverno voltaria e as planta mais uma vez pereceriam. Tornando necessário que parte da colheita fosse devidamente armazenada, tanto para garantir a alimentação dos homens e mulheres dos povoados quanto dos animais e dos grãos e semente a serem plantados na próxima primavera. Durante o inverno a sobrevivência do povoado estava nas mãos das sábias donas de casa que tinham os segredos e as “chaves” das despensas e nos braços fortes dos jovens guerreiros caçadores que saiam nos dias frios em busca da caça, entretanto sempre sendo guiados pelos anciãos sábios. Pois o jovem caçador que fosse se aventurar a caçar sem a orientação de um velho da aldeia teria grande chance de morrer, visto que estava justamente com o “velho” a sabedoria sobre os caminhos e métodos mais viáveis e seguros de caça. Em um período em que a sobrevivência se dava pelo mérito de cada membro da aldeia, os anciãos tinham que mostrar ser tão valioso para aldeia quanto o jovem caçador guerreiro, e seu mérito é justamente sua sabedoria de vida.
Nos dias atuais, por graças dos Deuses e da evolução cultural da humanidade nossa sobrevivência não é garantida pela manutenção de uma despensa de grãos e frutos e pelos méritos de um jovem caçador em prol de um ancião. Então por que celebramos as colheitas nos tempos contemporâneos? Primeiro celebramos para que possamos mais uma vez nos religar com o ciclo natural da vida e segundo para celebramos nossas colheitas. Por mais que vivemos em uma sociedade de fácil acesso a comida, do qual podemos ter garantido o sustento físico o ano inteiro, ainda plantamos e colhemos. . Nossas colheitas hoje se dão nas glórias e frustrações do estudo, do campo financeiro, do trabalho, da religião. Vivemos em uma sociedade em que não padecemos mais da fome física, mas que estamos cada vez mais frágeis com a fome emocional, psicológica e principalmente espiritual. Por isso que esse é o período para celebramos e agradecer pelas nossas conquistas e refletirmos sobre nossas derrotas. É o período de escolhermos quais sementes que queremos que dêem frutos nas próximas colheitas e quais queremos que morram no frio do inverno.
Hoje o Sabah de Mabon pode ser celebrado em grupos, covens, círculos e em encontro de amigos ou até mesmo solitariamente. Não importa se estamos em um circulo com um monte retalhos, fitas e palha ao centro com um banquete ao fundo, ou se estamos em uma floresta com os amigos festejando a chegada do outono, ou se estamos em nossos quartos a sós apenas com uma toalha no chão com um pão de grãos e uma taça de vinho com o caldeirão ao centro. Saibam que o importante é que o sagrado habite o seu caldeirão e principalmente o seu coração.


Relações

Ervas: Acácia, benjoim, madressilva, malmequer, mirra, carvalho, avelã, romã e maçã.
Pedras: Cornalina, safira, ágata amarela, âmbar, olho de tigre e citrino.
Incensos: Cravo, patchuli, mirra, maçã, benjoim e sálvia.
Velas e cores: Marrom, verde, laranja, âmbar, amarelo.
Comidas e Bebidas
Maçãs, nozes, castanhas, amêndoas, frutos da estação, amoras, milho, cravo, pães,
tortas, bolos, feijão, abóbora, vinho, cervejas, cidra e sucos.
Costumes
• Fazer cornucópias.
• Fazer bonecas de maçãs.
• Fazer grinaldas e ofertá-las a natureza.
• Fazer vassouras mágicas.
• Fazer amuletos.
• Fazer oferendas aos Deuses da colheita.
• Fazer uma Rainha da Colheita.
• Encher uma cesta com espigas de milho, cones e ramos de pinheiro, ramos
de trigo, folhas secas, bolotas de carvalho e colocá-la na porta de entrada da
casa.























Mabon Imortais da Terra
Cornucópias e Rainhas da Colheita